Um Caminho Para Pecuária
Desmatamento Zero

Soluções da cadeia produtiva oferecem oportunidades sem precedentes para reduzir o desmatamento causado pela expansão da pecuária na Amazônia brasileira. O alcance dessa meta, em larga escala, exigirá o apoio coordenado de toda a cadeia de valor da pecuária.

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A Amazônia Brasileira e a Pecuária de Corte: Uma breve introdução

As florestas tropicais prestam uma ampla gama de valiosos serviços ecossistêmicos, proporcionando benefícios tais como a regulação do clima local, regional e global. A perda em grande escala das florestas coloca em risco esses serviços críticos e pode impactar negativamente tanto as pessoas quanto os animais muito além da Amazônia.

O bioma Amazônia, O bioma Amazônia: Floresta tropical úmida densa. Abriga mais de 10% das espécies do mundo. Cobre 6,7 milhões de km2. Estende-se por oito países (Brasil, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador, Bolívia, Guiana e Suriname) e Guiana Francesa.cobre quase metade do território brasileiro. É uma paisagem icônica de valor inestimável para a população e vida selvagem. Possui aspectos culturais importantes para o Brasil e todo o planeta além de ser uma reserva vital de carbono e água. Ela também sustenta milhões de pessoas que dependem desta região para sua subsistência.

Mais de tres quartos das terras desmatadas na Amazônia brasileira Projeto MapBiomas – Coleção 5 da Série Anual de Mapas de Cobertura e Uso de Solo do Brasil, https://mapbiomas.org/  são ocupados pela pecuária de corte e por muitas décadas essa tem sido a atividade padrão em propriedades rurais, sendo parte de um processo complexo, que inclui a ocupação do solo, especulação e tradição cultural. Ao longo das últimas décadas essa região mudou de um arranjo relativamente instável de produtores agrícolas desorganizados para sistemas de produção comercialmente mais integrados e impulsionados pelas exportações.

De 1993 a 2013, o rebanho bovino no bioma Amazônia cresceu quase 200%, enquanto no restante do Brasil aumentou apenas 13%.  IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2014. Pesquisa Pecuária Municipal/ Em 2013, quase 60 milhões de bovinos ocupavam o bioma amazônia. IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2014. Pesquisa Pecuária Municipal A expansão em larga escala do rebanho bovino na região teve um grande custo ambiental, como grandes extensões de floresta tropical derrubadas, queimadas e convertidas em pastagens. Durante este período, mais de 300.000 km2 de floresta (uma área do tamanho da Itália) foi desmatada na Amazônia brasileira. 1.5. Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters.

Desmatamento em larga escala e expansão da agricultura na Amazônia pode ser um cenário de perspectivas ruins para a região (“no-win”), uma vez que o clima provavelmente responderá com (1) redução da quantidade e frequência de chuvas Oliveria, L.J.C., et al. 2013. Large-scale expansion of agriculture in Amazonia may be a no-win scenario. Environmental Research Letters, Vol. 8, No. 2. (2) aumento das temperaturas médias e extremos de color, 1.7. Lawrence, Deborah and Vandecar, Karen. 2015. Effects of tropical deforestation on climate and agriculture. Nature Climate Change, 5, 27-36. e (3) aumento da duração da estação seca e sua severidade. Lima, L.S., et al. 2013. “Feedbacks between deforestation, climate, and hydrology in the Southwestern Amazon: implications for the provision of ecosystem services.” Landscape Ecology, Vol. 29, Issue 2, 261-274. Sob um cenário business as usual, respostas climáticas associadas à destruição contínua da floresta poderiam potencialmente reduzir a produtividade das pastagens na Amazônia em 33% até 2050. Oliveira, L.J.C., et al. 2013. Large-scale expansion of agriculture in Amazonia may be a no-win scenario. Environmental Research Letters, Vol. 8, No. 2. Isso poderia ter grandes implicações para a segurança alimentar e fornecimento de matéria-prima, uma vez que perdas de produtividade em larga escala podem resultar em choques de oferta no mercado e aumentar a volatilidade dos preços.

De modo geral, o cumprimento da legislação tem sido insatisfatório na pecuária e os esforços para melhorar as práticas de uso da terra têm sido também ineficazes. No entanto, essa tendência sofreu alterações significativas nos últimos anos. Uma combinação de intervenções da cadeia produtiva, incluindo compromissos de produção com desmatamento zero e políticas governamentais têm ajudado a reduzir as taxas de desmatamento na Amazônia em mais de 80% na última década. Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). 2020. Projeto PRODES–monitoriamento da foresta amazônica brasileira por satélite. Projeto–PRODES.O suporte contínuo de empresas responsáveis em toda a cadeia de abastecimento tem proporcionado apoio vital para uma gama de soluções que estão ajudando a romper definitivamente as ligações entre pecuária e destruição da floresta na Amazônia.

Padrões de expansão do rebanho bovino e perda de cobertura florestal na Amazônia brasileira

Esses mapas mostram a relação entre a expansão do rebanho bovino brasileiro e a perda de cobertura florestal na Amazônia brasileira. Impulsionada pela demanda interna e externa por carne bovina e couro, a pecuária expandiu-se rapidamente para as regiões Norte-Oeste do Brasil, entrando no bioma Amazônia, que hoje conta com cerca de 70 milhões de bovinos, quase um terço de todo o rebanho brasileiro. As perdas de floresta na Amazônia brasileira têm seguido um padrão, muitas vezes citado como Arco do Desmatamento, progressivamente avançando no sentido Norte-Oeste na fronteira da floresta.

Expansão do rebanho

CH1-Cattle-1997
CH1-Cattle-2007
CH1-Cattle-2017
Número de bovinos por munícipio
0–50,000
50,001–200,000
200,001–400,000
400,001–1,000,000
1,000,001–2,241,000

Perda de cobertura florestal

CH1-Defor-1997
CH1-Defor-2007
CH1-Defor-2017
Número de bovinos por munícipio
0–50,000
50,001–200,000
200,001–400,000
400,001–1,000,000
1,000,001–2,241,000
Uso do solo e limites políticos
Desmatamento
Bioma Amazônia
Amazônia Legal
Estados
Uso do solo e limites políticos
Desmatamento
Bioma Amazônia
Amazônia Legal
Estados

A Produtividade Agropecuária Depende das Florestas da Amazônia

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As florestas tropicais proporcionam benefícios ecossistêmicos valiosos para as comunidades locais, regionais e globais. Elas proporcionam habitats para a vida selvagem, suporte à biodiversidade, e removem grandes quantidades de gases de efeito estufa (GEE) da atmosfera. As florestas também ajudam a regular processos naturais importantes, tais como regimes de chuva e ciclos de nutrientes, que são fundamentais para a produtividade da agricultura.

A grande maioria (80-90%) de toda a água que atinge a atmosfera e, eventualmente, torna-se precipitação, passa pela transpiração das plantas. Jasechko, S., et al. 2013. Terrestrial water fluxes dominated by transpiration. Nature, Vol. 496, 347-351. As florestas tropicais úmidas densas da Amazônia atuam como “bombas d’água” gigantes para grande parte da América do Sul, liberando bilhões de litros de vapor de água das árvores para a atmosfera. Na Amazônia, esse processo de transpiração, em que o vapor de água sobe das florestas e cai novamente como chuva, enquanto flui para o oeste através do continente, tem sido chamado de “rios voadores”—o fluxo move-se rio acima em direção à Cordilheira dos Andes, e então desvia-se para Sul e Norte quando bate nas encostas das montanhas. Neste processo, as chuvas geradas pelas florestas fornecem quantidades substanciais de água para áreas agrícolas importantes, assim como centros metropolitanos densamente povoados de toda a América do Sul.

Rios
Rios

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Panorama Retrato

A perda em grande escala da floresta tropical Amazônica pode desencadear interações complexas entre a atmosfera e biosfera. Lima, L.S., et al. 2013. “Feedbacks between deforestation, climate, and hydrology in the Southwestern Amazon: implications for the provision of ecosystem services.” Landscape Ecology, Vol. 29, Issue 2, 261-274. Na Amazônia, a conversão em larga escala de florestas para pastagens pode levar a um aumento da temperatura média da superfície de 2.5°C (4.5°F), diminuir a evapotranspiração em 30%, reduzir a precipitação em 25% e também diminuir o escoamento em 20% em toda a região. Nobre, C.A., et al. 1991. Amazonian Deforestation and Regional Climate Change. Journal of Climate, Vol. 4, 957-988. A degradação dessas serviços ecossistêmicos criticais pode diminuir a disponibilidade de pastagem viável e alterar a geografia de produção agrícola, que prejudica significativamente a produtividade potencial da agricultura no Brasil. Essas mudanças drásticas podem causar graves perdas econômicas até US $ 4 bilhões. Assad, E., Pinto, H. S., Nassar, A., Harfuch, L., Freitas, S., Farinelli, B., Lundell, M. & Fernandes, E. (2013). Impacts of Climate Change on Brazilian Agriculture. The World Bank. Washington, DC.

Além disso, o desmatamento na Amazônia pode causar mudanças climáticas globais, podendo afetar regimes de chuva em áreas tão distantes quanto o Oeste dos Estados Unidos. Medvigy, D., et al. 2013. Simulated changes in Northwest U.S. climate in response to Amazon deforestation. Journal of Climate, Vol. 26, 9115-9136. Projeções mostram que perdas florestais em larga escala na Amazônia podem potencialmente reduzir chuvas em até 20% na costa noroeste dos Estados Unidos e em até 50% na geleira de Serra Nevada, colocando em risco a produção agrícola. Medvigy, D., et al. 2013. Simulated changes in Northwest U.S. climate in response to Amazon deforestation. Journal of Climate, Vol. 26, 9115-9136.

Grandes perdas de produtividade nessas importantes áreas agrícolas podem representar sérias consequências para a segurança alimentar, podendo causar choques de oferta no mercado e aumentar a volatilidade nos preços de produtos agrícolas.

Compromissos para produção pecuária com desmatamento zero certificada em toda a cadeia produtiva estão ajudando a assegurar que as florestas sejam conservadas, protegendo os valiosos serviços ecossistêmicos e os benefícios que eles proporcionam.

Produção Com Desmatamento Aumenta Muito as Emissões

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A indústria global de carne bovina, atualmente tem enfrentado críticas crescentes quanto à pegada ecológica de gases de efeito estufa (GEE) associadas aos bovinos, Eshel, G., et al. 2014. Land, irrigation water, greenhouse gas, and reactive nitrogen burdens of meat, eggs, and dairy production in the United States. PNAS, Vol. 111, No. 3. , Caro, D., et al. 2014. Global and regional trends in greenhouse gas emissions from livestock. Climatic Change, Vol. 126, Issue 1-2, 203-216. , Herrero, M., et al. 2013. Biomass use, production, feed efficiencies, and greenhouse gas emissions from global livestock systems. PNAS, Vol. 110, No. 52. que é muito maior do que a de outros animais de produção, representando cerca de 9% do total das emissões globais de GEE. Gerber, P.J., et al. 2013. Tackling climate change through livestock – A global assessment of emissions and mitigation opportunities. Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO), Rome. Há uma ampla gama de fontes de emissão associadas à pecuária, incluindo fermentação entérica (uma grande fonte de emissões de metano a partir de processos digestivos), a produção de alimentos para animais em confinamento e mudanças no uso da terra, como o desmatamento.

Carne produzida em áreas recentemente desmatadas pode ser responsável por até 25 vezes mais emissões de gases de efeito estufa (GEE) do que a carne produzida em pastagens estabelecidas.

GEE

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O gado se tornou um dos maiores vetores de desmatamento no Brasil, representando até 80% de todas as emissões decorrentes da mudança de uso da terra (ver citação “O gado se tornou um dos maiores vetores de desmatamento no Brasil, representando até 80%de todas as emissões decorrentes da mudança de uso da terra”). Todos os sistemas de produção de gado produzem emissões, mas onde as florestas são limpas para pastagens, as emissões são ainda maiores. Bowman, M. S., Soares-Filho, B. S., Merry, F. D., Nepstad, D. C., Rodrigues, H., & Almeida, O. T. (2012). Persistence of cattle ranching in the Brazilian Amazon: A spatial analysis of the rationale for beef production. Land Use Policy, 29(3), 558-568. Bovinos produzidos em terras recentemente desmatadas na Amazônia brasileira podem ter uma pegada de GEE até 25 vezes maior do que animais produzidos em pastagens estabelecidas (28 contra 726 kg CO2 equivalente por quilo de carne, respectivamente). Cederberg, C., et al. 2011. Including Carbon Emissions from Deforestation in the Carbon Footprint of Brazilian Beef. Environmental Science and Technology, 45(5), 1773-1779. Portanto, uma das maneiras mais eficazes para se reduzir a pegada de GEE da carne bovina, couro, sebo e outros produtos derivados da pecuária, é assegurar um sistema de produção com desmatamento zero comprovado.

Além disso, o apoio a práticas de pecuária que melhoram a produtividade em pastagens estabelecidas pode ajudar a diminuir as emissões por animal. A intensificação moderada, que inclui práticas de tecnologias básicas e baixo custo, tais como cercas, pastejo rotacionado e espécies forrageiras melhoradas, pode ajudar a melhorar a produtividade e recuperar pastagens degradadas. Hall, Simon; Sarsfield, Ryan; and Walker, Nathalie (2015). GRSB-GTPS Joint Working Group on Forests (JWG) Workshop Report: Investing in Smart Production. National Wildlife Federation. Portanto, o setor pecuário pode continuar a atender a crescente demanda por carne bovina, couro, sebo, e outros derivados sem mais desmatamentos. Este resultado pode ser atingido ao mesmo tempo que se melhora a rentabilidade do setor pecuário e se reduz as emissões de GEE por unidade produzida.

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Elos da Cadeia Produtiva e Conexões de Mercado

Iniciativas da cadeia produtiva estão apoiando soluções eficazes para produção de carne, couro e sebo com desmatamento zero certificado na Amazônia brasileira.

Com o maior rebanho bovino comercial do mundo, o Brasil está atualmente na frente, tanto da produção global quanto do comércio internacional. A expansão do rebanho bovino no bioma Amazônia teve um papel fundamental no atendimento da crescente demanda, tanto brasileira quanto internacional de carne bovina, couro e sebo.

Apesar de sua posição como líder mundial em exportações, a maior parte da carne bovina produzida no Brasil (cerca de 80%) é consumida internamente. Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (ABIEC). Balanço da pecuária.Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pesquisa Trimestral do Abate de Animais.Grandes varejistas multinacionais, incluindo três dos maiores do mundo (Walmart, Carrefour e Pão de Açúcar/Grupo Casino) e marcas globais, como a Colgate-Palmolive, Unilever, Mars e Nestlé, desempenham um papel de destaque no mercado nacional.

Em 2014, os principais mercados brasileiros de exportação de carne bovina foram a China (incluindo Hong Kong), a Rússia e a União Europeia, que juntos, representaram mais da metade de todas as exportações (em termos de valor). United Nations Department of Economic and Social Affairs, Statistics Divisions, Trade Statistics (UN Comtrade Database), 2015.

Enquanto a China e a Rússia tendem a dominar o comércio da carne no geral, os Estados Unidos e o Reino Unido são (de longe) os maiores destinos de exportação de carne bovina processada, respondendo respectivamente por 35% e 25% do total das exportações de carne bovina brasileira processada em 2014. United Nations Department of Economic and Social Affairs, Statistics Divisions, Trade Statistics (UN Comtrade Database), 2015. Os destinos primários das exportações brasileiras de peles e couros (em termos de valor) são China e Itália. United Nations Department of Economic and Social Affairs, Statistics Divisions, Trade Statistics (UN Comtrade Database), 2015.

Como líderes mundiais em processamento de couro, estes países exportam a maioria dos artigos feitos de couro para os Estados Unidos e União Europeia, United Nations Department of Economic and Social Affairs, Statistics Divisions, Trade Statistics (UN Comtrade Database), 2015. destacando a importância da integração de mercado nas cadeias produtivas do couro.

O sebo tem uma vasta gama de aplicações, incluindo alimentos para animais de estimação (pets), produtos farmacêuticos e produtos para higiene pessoal, tais como sabonetes. No Brasil, o sebo é também utilizado na produção de biodiesel, que usualmente tem 20% de sebo como matéria-prima. Como a mistura compulsória de combustíveis continua a aumentar as proporções de biodiesel no óleo diesel, o sebo deve tornar-se uma matéria-prima cada vez mais importante para os setores de energia e transportes, tanto no Brasil quanto em outros países.

Os mercados globais de commodities para carne bovina, couro e sebo são dinâmicos. Como o setor pecuário brasileiro busca ampliar sua cobertura de mercado e estabelecer novos parceiros comerciais tanto nos países desenvolvidos quanto nas economias emergentes, os fluxos de mercadorias irão mudar para atender as demandas de mercado. Preferências de consumo nos países de destino e critérios relacionados com origem do produto de marcas multinacionais podem enviar fortes sinais de mercado que ressoam por toda a cadeia de valor.

Nos últimos anos, foi constatado um grande aumento nos compromissos corporativos com desmatamento zero (ver lietura adicional sobre Aumento nos Compromissos de Desmatamento Zero), e um número crescente dessas iniciativas tem um escopo multi-mercadoria, que abrangem produtos da pecuária. O apoio contínuo à carne, couro e sebo com desmatamento zero comprovado pode promover uma transformação ampla e duradoura, gerando soluções para o mercado de produtos pecuários brasileiros.

Produtos brasileiros de carne e de couro no mercado doméstico e internacional

Como um dos principais produtores e exportadores de carne bovina e produtos de couro, o setor pecuário brasileiro é altamente integrado tanto no mercado doméstico quanto internacional.

Produtos de carne bovina?

Beef-Illos

Produtos de couro

Leather-Illos

Consumo de carne bovina

Consumo de couro

Consumo interno
Exportação

Principais parceiros comerciais

País Importador Volume (toneladas) Percentagen do volume total de exportação brasileira Valor (USD) Valor total de exportação brasileira Proporção USD/Toneladas
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Aumento dos Compromissos com Desmatamento Zero

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Nos últimos anos, tem havido uma onda de aumento no número de compromissos com desmatamento zero. Em 2010, o Fórum de Bens de Consumo (CGF), uma rede da indústria global com mais de 400 varejistas, fabricantes, prestadores de serviços e associações, aprovou uma deliberação do conselho, comprometendo-se a mobilizar recursos para alcançar desmatamento líquido zero até 2020. Consumer Goods Forum (CGF). Board Resolution on Deforestation.. O CGF pretende conseguir isso através da compra responsável das principais commodities agrícolas, incluindo carne bovina. Em apoio a este compromisso, o CGF uniu-se a outras entidades para criar a Tropical Forest Alliance (Aliança de Florestas Tropicais) 2020 (TFA), que reúne a indústria, governos de países e grupos da sociedade civil na maior iniciativa público-privada do gênero para tratar do desmatamento, fornecimento de carne e outros produtos básicos.

Em geral Gado Soja Madeira e polpa Palma Cumulativo

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Panorama Retrato

Em 2014, governos, empresas multinacionais e grupos da sociedade civil reuniram-se na Cúpula Mundial sobre o Clima das Nações Unidas (United Nations Climate Summit) para assinar a Declaração de Nova Iorque sobre Florestas, um pacto para apoiar metas públicas e privadas destinadas a eliminar o desmatamento na produção de commodities agrícolas, incluindo carne bovina. Algumas das metas principais são: United Nations Climate Summit, New York Declaration on Forests.

  • Baixar a taxa de desmatamento mundial pela metade até 2020 e buscar a eliminação com a perda de florestas até 2030.
  • Restaurar 150 milhões de hectares de áreas degradadas até 2020 e 200 milhões de hectares até 2030.
  • Fortalecer a governança florestal e transparência.
  • Recompensar os países e jurisdições que, tomando medidas, reduzem as emissões de florestas – particularmente através de políticas públicas e de origem de fornecimento do setor privado.

Alcançar estes (e outros) resultados objetivados , poderia reduzir as emissões em 4,5 – 8,8 bilhões de toneladas por ano até 2030.

Além disso, uma miríade de varejistas e fabricantes intensificaram seus esforços individualmente, para assumir compromissos de desmatamento zero, incluindo marcas globais proeminentes como Mars, Mars, Deforestation & Land Use Change Position  Colgate-Palmolive, Colgate-Palmolive, No Deforestation Policy. January, 2019. Walmart, Walmart, Deforestation Policy. November, 2017. Nestlé, Nestle, What is Nestlé doing to ensure zero deforestation?. Tesco Tesco, Deforestation. e muitas outras. Atualmente, há mais de 580 compromissos com cadeias de suprimento livres de desmatamento em todas as “quatro grandes” commodities (óleo de palma, polpa e papel, gado e soja). Os compromissos com a produção de desmatamento zero estão fomentando melhorias focadas em soluções de cadeia produtiva para as commodities. A implementação destes compromissos levará a uma transformação concreta e ajudará a garantir que a carne bovina, couro e sebo possam continuar a ser produzidos na Amazônia brasileira sem colocar as florestas tropicais em risco.

Para notícias em tempo real, dados e análise em tempo real que listam compromissos de empresas com o desmatamento zero, visite Supply-Change, uma plataforma web desenvolvida pela Forest Trends.

Para uma avaliação dos compromissos de desmatamento assumidos por algumas das empresas mais influentes do mundo, visite o Forest 500.

Mercado Clandestino

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De acordo com a legislação brasileira, as instalações de produção de carne estão sujeitas à inspeção governamental, para assegurar o cumprimento das normas de segurança e higiene alimentar. No entanto, esta exigência não se estende aos produtos não alimentares, tais como peles e couros. A relativa falta de controle sobre a produção de peles/couro facilitou a criação de um mercado clandestino desses produtos.

O mercado clandestino pode ser estimado por comparação do número total de couros processados ​​com o número total reportado de animais abatidos. Walker, N.F., Patel, S.A., and Kalif, K.A.B. 2013. From Amazon pasture to the high street: deforestation and the Brazilian cattle product supply chain. Tropical Conservation Science – Special Issue, Vol. 6 (3): 446-467. Como indicado na figura, o número de peles produzidas é consistentemente maior que o número total relatado de bovinos abatidos, proporcionando uma estimativa de mercado clandestino. Embora o número de abates não registrados tenha diminuído de forma constante nos últimos anos, as curtumes de couro ainda processaram quase 2,5 milhões de peles em 2015, o que não podia ser atribuído ao abate documentado de gado.

Estimativas do Número de Cabeças de Gado Abatidas pela Indústria Clandestina de Gado

Peles cruas produzidas (número adquirido) Bovinos abatidos (número de cabeças) Número de ababates não registrados

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Panorama Retrato

Devido à relativa falta de controle sobre a produção de peles/couro, é provável que essas peles clandestinas entrem em mercados oficiais, tanto no Brasil quanto em outros países países processadores de couro, como Itália e China, na forma de exportação. Uma vez que suas origens não estejam documentadas, essas bolsas, sapatos, estofados ou outros artigos de couro podem ter sido originados em terras desmatadas recentemente ou utilizando trabalho escravo. O Grupo de Trabalho do Couro (LWG), um grupo com várias partes interessadas, cujos membros incluem algumas das maiores marcas mundiais de calçados e moda, desenvolveu um protocolo de auditoria ambiental. Este protocolo exige o rastreamento até o frigorífico (que pode evitar a compra de peles provenientes de abate clandestino). Peles de animais da Amazônia brasileira devem ser rastreáveis até a fazenda, que por sua vez não pode ter tido desmatamento após 2009 (alinhado com o Acordo G4 de Desmatamento Zero, descrito no Capítulo 3).

A fim de garantir que os produtos de couro não contribuam para a perda de florestas e violação dos direitos humanos ou outras ilegalidades, a aquisição deve ser limitada, exclusivamente, a frigoríficos que tenham implementado sistemas de monitoramento e rastreabilidade para verificar produção com desmatamento zero.

Consumo Interno e Mercados de Exportação

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O mercado de exportação de carne bovina brasileira se expandiu rapidamente nas últimas décadas, ultrapassando o crescimento do consumo interno no Brasil. Entre 1994 e 2009, o consumo interno de carne aumentou em quase 50%. Walker, N.F., Patel, S.A., and Kalif, K.A.B. 2013. From Amazon pasture to the high street: deforestation and the Brazilian cattle product supply chain. Tropical Conservation Science – Special Issue, Vol. 6 (3): 446-467. Neste mesmo período, as exportações aumentaram mais de 500%. A exportação de carne bovina tem continuado a crescer, com o valor das exportações brasileiras de carne bovina atingindo o recorde de US $ 7,2 bilhões em 2014. Walker, N.F., Patel, S.A., and Kalif, K.A.B. 2013. From Amazon pasture to the high street: deforestation and the Brazilian cattle product supply chain. Tropical Conservation Science – Special Issue, Vol. 6 (3): 446-467.

Consumo Interno versus Exportações da Carne Brasileira (Equivalente carcaça x1000 toneladas) Walker, N.F., Patel, S.A., and Kalif, K.A.B. 2013. From Amazon pasture to the high street: deforestation and the Brazilian cattle product supply chain. Tropical Conservation Science – Special Issue, Vol. 6 (3): 446-467.

Exportações Consumo Domestico

Fontes:
Brazilian Beef. Exports by Year.
IBGE. Quarterly Survey of Animal Slaughter.
Brazilian Beef. Annual Report 2019.

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Panorama Retrato

O crescimento da participação relativa das exportações ajuda a destacar a importância crescente de participantes globais da cadeia de abastecimento e o nível de integração de produtos de carne bovina brasileira no mercado mundial, especialmente em países como a Rússia e a China (incluindo Hong Kong), que representam a maior parte do comércio.

Pela compra responsável e compromissos de produção com desmatamento zero comprovado, os atores da cadeia de abastecimento, tanto no Brasil quanto no exterior, podem apoiar as práticas de pecuária conservacionista (forest friendly) e ajudar a conservar áreas ecologicamente sensíveis, como a Amazônia.

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Revertendo o Curso: As Soluções de Cadeia Produtiva estão Transformando o Setor Pecuário Brasileiro

A pressão das marcas e dos varejistas internacionais, grupos ambientalistas, e governo federal, levou grandes frigoríficos no Brasil a assumirem compromissos públicos para impedir a compra direta de animais de fazendas com atividade ilegal e desmatamento.

Durante a última década, avanços significativos têm sido feitos na redução de desmatamento causado pela pecuária na Amazônia brasileira. Em 2009, campanhas de alto padrão feitas por organizações não-governamentais (ONGs) e a pressão do Ministério Público Federal, ou MPF, no Pará, levou a duas importantes intervenções da cadeia de suprimentos: (1) o TAC do MPF e (2) o Acordo de Gado do G4. Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters.

(1) Acordo MPF-TAC: O MPF processou grandes pecuaristas que desmataram ilegalmente assim como frigoríficos que compraram deles, e usaram ameaças de litígio para convencer varejistas brasileiros a boicotar frigoríficos ligados ao desmatamento ilegal. Em resposta, alguns frigoríficos começaram a assinar compromissos legais de Termos de Ajustamento de Conduta (TACs) com o MPF em julho de 2009. Tais acordos asseguram a não-abertura de processos em troca do compromisso dos frigoríficos, evitando assim, compras de animais de propriedades com desmatamento ilegal. Esses acordos vigoram atualmente em dois terços dos frigoríficos com Inspeção Federal (SIF) na Amazônia Legal (Gibbs et al. 2015). Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters.

(2) Desmatamento Zero/Acordo de Gado do G4 Em outubro de 2009, os maiores frigoríficos do Brasil (JBS, Marfrig, Minerva e Bertin – o último foi posteriormente comprado pelo JBS) também assinaram um acordo de desmatamento zero com o Greenpeace, conhecido como o Acordo de Gado. No acordo, esses frigoríficos assumiram o compromisso de criar sistemas de monitoramento para bloquear a compra de gado de fazendas com desmatamento e atividades ilegais. Os frigoríficos do G4 somam, conjuntamente, cerca de metade do abate documentado na Amazônia Legal, portanto, este compromisso tem um alcance bastante amplo. Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters

Os dois acordos têm muito em comum. Em ambos, os frigoríficos assumem o compromisso de bloquear as vendas de animais de propriedades onde o desmatamento ocorreu após o acordo, ou que não foram registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), um sistema brasileiro para identificação dos limites georreferenciados das propriedades para fins de monitoramento.

Os acordos MPF-TAC concentram-se em evitar o desmatamento ilegal, conforme definido pelo Código Florestal Brasileiro, que estipula as áreas de reservas mínimas que devem permanecer com vegetação nativa nas propriedades. O Acordo G4 vai além da legalidade e proíbe qualquer desmatamento, mesmo que dentro do limite legal.

Grandes frigoríficos no bioma Amazônico brasileiro que possuem (e que não possuem) um acordo de pecuária desmatamento zero

Esta figura mostra frigoríficos no bioma amazônico com Serviço de Inspeção Federal – SIF no Estado do Pará. Quase 90% desses frigoríficos estão cobertos por acordos de desmatamento zero da pecuária, incluindo ambos, o G4 e os TACs do MPF (para mais informações, consulte a seção de Leitura Adicional abaixo).

CH3-bigmap CH3-purpledots CH3-yellowdots
CH3-Small-map-NEW
Geografia
Floresta
Área Desmatada
Zona não-florestal
Fronteiras entre os estados brasileiros
Categorias de frigoríficos
Não assinaram o acordo
Assinaram o TAC ou o acordo do G4

Rompendo a ligação entre o Desmatamento e a Pecuária

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Essa figura ilustra as taxas anuais de desmatamento e o crescimento do rebanho bovino no bioma amazônia brasileiro. De 1990 a 2004, há evidências de uma correlação positiva entre a perda de floresta e a produção de bovinos, ambos aumentaram nesse período. No entanto, após 2004, a taxa de desmatamento diminui consideravelmente, enquanto a taxa média de produção bovina continua a aumentar.

A produção de gado e as tendências de desmatamento no bioma da Amazônia brasileira, 1990-2018 Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters.

Desmatamento (PRODES) Produção de gado (IBGE)

NOTA: dados de desmatamento entre 1990 e 2000 somente da Amazônia Legal. Nenhum shapefile PRODES para o bioma Amazônia disponível antes de 2000.

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Isso ajuda a demonstrar que a produção pecuária não precisa ser às custas das florestas. O setor de pecuária na Amazônia brasileira pode crescer de forma sustentável, aumentando a capacidade produtiva das pastagens existentes.

O Código Florestal Brasileiro

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Código Florestal Brasileiro foi estabelecido em 1965, criando um quadro jurídico para a governança florestal no Brasil, o qual foi revogado pelo Novo Código Florestal Brasileiro, Lei nº 12.651, de 25 de maio de 2012. Embora longe de ser perfeito, o Código Florestal Brasileiro ainda é uma das legislações que regem florestas em terras privadas mais abrangentes do mundo.

Um dos componentes mais importantes do Código Florestal é a designação de Reserva Legal (RL), que estabelece a área mínima (em percentagem da propriedade) que deve ser mantida como vegetação nativa. Existem algumas exclusões e isenções, mas em geral, a Reserva Legal determina uma área que não pode ser ocupada, correspondente a 80% da propriedade rural no bioma da Amazônia, 35% em regiões de Cerrado (se localizadas na Amazônia Legal, caso contrário 20%), e 20% em outras áreas do país. Portanto, a Reserva Legal representa a área da propriedade onde é proibido o desmatamento.

Reservas legais Reservas não legais Reservas legais Reservas não legais Reservas legais Reservas não legais


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Além disso, o Código Florestal também designa áreas ambientalmente sensíveis, como Áreas de Preservação Permanente (APPs), com o objetivo de conservar os recursos hídricos e prevenir a erosão do solo. As APPs incluem tanto as áreas de mata ciliar quanto encostas de morros para grandes elevações e encostas íngremes. O Código Florestal recentemente alterado inclui também mecanismos que tratam do manejo do fogo, estoques de carbono florestal e pagamentos por serviços ecossistêmicos.

Um destes novos mecanismos é a Cota de Reserva Ambiental (CRA), um título legal comercializável ​​para áreas de terra com vegetação nativa intacta ou em estado de regeneração que excedam as exigências da Reserva Legal (RL). A CRA (excedente de RL) em uma propriedade pode ser usada para compensar um déficit de Reserva Legal (ou seja, uma propriedade com menos do que o mínimo exigido de RL) em outra propriedade no mesmo bioma e, de preferência, dentro do mesmo município ou estado. A implementação integral da CRA poderia criar um mercado viável para áreas de vegetação nativa, incentivando a conservação de florestas. O mercado de CRAs poderia compensar até 56% do déficit de RL. Soares-Filho, B., et al. 2014. Cracking Brazil’s Forest Code. Science Vol 344, No 6182, 363-364. O comércio de CRAs poderia tornar-se uma maneira viável de facilitar a adequação ambiental e ao mesmo tempo proteger excedentes florestais que poderiam ser legalmente desmatados.

Cadastro Ambiental Rural (CAR)

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Em 2010 o governo brasileiro tornou obrigatório que todos os imóveis rurais sejam mapeados e registrados em um banco de dados, conhecido como o CAR (Cadastro Ambiental Rural). O banco de dados do CAR contém dados geoespaciais referentes aos limites das propriedades rurais, bem como informações ambientais sobre sua produção agrícola. Esta base de dados foi concebida como uma ferramenta estratégica para o controle, monitoramento e redução do desmatamento no Brasil. A inscrição no CAR também é utilizada por instituições financeiras tanto públicas quanto privadas como critério para avaliações de crédito agrícola.

Da perspectiva da cadeia produtiva, o CAR representa um instrumento eficaz para aumentar a transparência das práticas em fazendas. Isso permitirá um nível de compreensão sem precedentes dos padrões de desmatamento e da dinâmica de uso da terra na cadeia produtiva da carne bovina, couro, sebo. A medida que esse progresso apoiará as empresas ativamente comprometidas com a compra responsável, ele irá expor as empresas que não tenham agido de forma adequada para excluir de suas cadeias produtivas os produtores envolvidos com atividades ilegais e desmatamento.

Mesmo o CAR representando um passo significativo para a agricultura brasileira, é importante reconhecer as suas limitações – o CAR, por si próprio, não pode impedir o desmatamento, ele só permite que o mesmo seja detectado. Além disso, o CAR não concede título de posse da terra. Ele apenas registra um indivíduo com uma reivindicação de posse e, portanto, deve ser usado em conjunto com outra documentação legal para verificar a reivindicação.

Para assegurar a aplicação mais eficaz do CAR, esforços deveriam ser feitos para vinculá-lo às iniciativas público-privadas que incentivam cadeias produtivas com desmatamento zero comprovado.

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Avaliando Impactos: Medindo a Eficácia dos Acordos de Pecuária de Desmatamento Zero

Um estudo de Acordos de Pecuária por Gibbs et al. 2015 Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters. mostra que o JBS, o maior processador de carne bovina do mundo, fez alterações substanciais nos seus critérios de compra, bloqueando efetivamente compras de fazendas fornecedoras diretas do sul do Pará que tiveram desmatamento recente e atividades ilegais.

Intervenções da cadeia produtiva, tais como os acordos de pecuária, oferecem uma solução promissora para o desmatamento causado por commodities. Uma vez que as empresas multinacionais continuam a fazer compromissos para banir a compra de produtos de fazendas com desmatamento recente, esse tipo de iniciativa vem aumentando e se fortalecendo como uma solução pragmática para o desmatamento causado por commodities. O escopo, as condições e a implementação dessas iniciativas são fundamentais para proteger efetivamente as florestas e o meio ambiente, tanto no Brasil quanto em outras regiões dos trópicos.

Uma análise feita por  Gibbs et al. 2015 Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters. dos Acordos de Pecuária demonstra que estes mudaram significativa e rapidamente o comportamento de frigoríficos e fazendeiros no estado do Pará. Foram associados estudos com produtores e rigorosas análises estatísticas para demonstrar que:

A integração de políticas de governança florestal com iniciativas da cadeia produtiva oferece níveis de transparência sem precedentes, permitindo a compreensão detalhada dos padrões de perda de cobertura florestal da propriedade rural e informações sobre transações ao longo de toda a cadeia de abastecimento.

Apesar destas mudanças importantes no setor pecuário, brechas potenciais, reduzem os impactos globais para a preservação florestal. Existem ainda grandes desafios que precisam ser enfrentados para garantir ​​cadeias produtivas de pecuária com desmatamento zero comprovado na Amazônia brasileira (Gibbs et al. 2015). Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters.

Limites das Propriedades e Cobertura Florestal de Fazendas Fornecedoras e Não-Fornecedoras no Pará

Esses mapas mostram a perda de cobertura florestal e a mudança em uma amostragem de propriedades fornecedoras dos frigoríficos do JBS no Pará antes dos Acordos de Pecuária de Desmatamento Zero (anteriores a 2009) e após os Acordos (2010 a 2013).

Nível da Propriedade com Mapeamento de Cadeia de Fornecimento

A combinação de mapas de propriedade, dados de sensoriamento remoto e informações da cadeia de fornecimento fornece níveis sem precedentes de transparência, ajudando a transformar mapas em branco em ferramentas úteis que permitem aos pesquisadores identificar, rastrear e medir a eficácia dos acordos de desmatamento zero.

Pré-Acordo

Este mapa mostra propriedades fornecedoras de animais antes dos Acordos (anteriores a 2009) e o desmatamento de 2006 a 2009. Como ilustrado por este mapa, antes dos Acordos de Pecuária de Desmatamento Zero, houve várias propriedades que tiveram desmatamento e que também forneceu JBS.

Pós-Acordo

Este mapa mostra propriedades fornecedoras de animais e o desmatamento após o Acordo (2010 a 2013). Como ilustrado por este mapa, todos os fornecedores da JBS em 2012 e 2013 não têm desmatamento de 2010 a 2013.

Adequação - Exemplo 1

Este mapa de adequação (pós-acordo) identifica um exemplo específico de como os Acordos de Pecuária de Desmatamento Zero foi eficaz:

Este exemplo mostra uma propriedade que forneceu JBS antes dos acordos e que tinham desmatamento de 2006 a 2009, mas depois os Acordos, o desmatamento terminou, e esta propriedade continuou a fornecer o JBS em 2012 e 2013.

Adequação - Exemplo 2

Este mapa de adequação (pós-acordo) identifica um exemplo específico de como os Acordos de Pecuária de Desmatamento Zero foi eficaz:

Este exemplo mostra uma propriedade que forneceu JBS antes dos acordos e que tinham desmatamento de 2006 a 2009, mas depois os Acordos, o desmatamento não terminou, e portanto esta propriedade foi bloqueado de fornecendo o JBS.

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Propriedades no Pará
Desmatamento (2006-2009)
Fornecedores que venderam pre-acordo
Propriedades no Pará
Desmatamento (2010-2013)
Propriedades de fornecimento 2012 ou 2013
Fornecedores que venderam pre-acordo
Propriedades não fornecedoras
Desmatamento (2010-2013)
Propriedades de fornecimento 2012 ou 2013
Fornecedores que venderam pre-acordo
Propriedades não fornecedoras
Desmatamento (2010-2013)
Propriedades de fornecimento 2012 ou 2013
Fornecedores que venderam pre-acordo
Propriedades não fornecedoras

JBS Altera Critérios de Compra

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Resultados de análises de painel demonstram que em 2012 os frigoríficos do JBS foram significativamente menos propensos a comprar de propriedades com desmatamento recente. Antes dos acordos, o desmatamento não tinha um impacto estatisticamente significativo sobre a sua seleção para compra. Pelo menos alguns dos desmatamentos avaliados por nossos modelos para 2010 e 2011 ocorreram antes dos acordos; 2012 é o primeiro ano em que seria de se esperar uma resposta integral.

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Caminho a Seguir: Próximos Passos para Assegurar a Produção com Desmatamento Zero

Evitar o desmatamento é compatível com o crescimento do setor de pecuária de corte no Brasil. Melhorias nas pastagens e manejo do rebanho podem permitir aumentos substanciais no rebanho bovino da Amazônia nas áreas já existentes. Isto pode ser conseguido ao mesmo tempo em que se melhora a rentabilidade da pecuária e se protege os valores ecológicos da Amazônia.

A análise de propriedades de Gibbs et al. 2015 Gibbs, H.K., Munger, J., L’Roe, J., Barreto, P., Pereira, R., Christie, M., Amaral, T. and Walker, N.F. (2015). Did Ranchers and Slaughterhouses Respond to Zero Deforestation Agreements in the Brazilian Amazon? Conservation Letters. sobre a eficiência dos acordos de criação de gado como aplicados nos frigoríficos JBS no Pará, mostra que os critérios de compra foram alterados e que os fornecedores passaram a ser monitorados. Dezenas de milhares de propriedades são monitoradas agora, o que representa uma enorme conquista para o setor pecuário.

Apesar desse progresso, grandes desafios ainda existem para se assegurar a produção de bovinos com desmatamento zero comprovado. O Acordo G4 só se estende a três frigoríficos, o que ainda deixa aproximadamente metade do abate documentado na Amazônia brasileira exposto a um monitoramento mínimo de desmatamento (quando existente) e atividades ilegais. Além disso, fornecedores diretos Fornecedores diretos (fazendas de Nível 1), são propriedades que vendem gado para frigoríficos/ matadouros. Fornecedores diretos são normalmente fazendas de engorda (ou acabamento), que cobrem as fases finais do ciclo de produção. são o único segmento da cadeia de abastecimento atualmente coberto por esses esforços de monitoramento. Os animais podem ser transferidos de fazendas de cria para fazendas de terminação por meio de intermediários e outros fornecedores indiretos Fornecedores indiretos (ou Nível 2 e Nível 3) são propriedades que não vendem gado para o frigorífico/ matadouro, mas sim vendem, negociam, e transferem gado para outras fazendas durante o ciclo de produção. Fornecedores indiretos geralmente cobrem as fases de produção anteriores, incluindo operações de cria e recria, tais como sistemas de vaca-bezerro. sem serem monitorados. Evidências preliminares indicam que a maior parte do desmatamento atual provavelmente ocorra nessas fazendas de fornecimento indireto.

Além disso, atualmente não existem auditorias unificadas e robustas para verificar os critérios dos compromissos. Para garantir o cumprimento dos acordos, é necessário um sistema de auditoria uniforme e independente. Os resultados destas auditorias deveriam ser disponibilizados ao público, para que todos os participantes e interessados da cadeia de abastecimento possam tomar decisões baseadas em informações sobre o desempenho desse setor.

Há várias formas para varejistas, fabricantes e outros membros da cadeia produtiva (incluindo indivíduos e famílias), ajudarem a garantir uma pecuária ambientalmente saudável, socialmente responsável ​​e economicamente viável ​​na Amazônia brasileira.

Para construir soluções colaborativas e ampliar a produção de gado de corte com desmatamento zero comprovado, os membros da cadeia produtiva deveriam participar do Grupo de Trabalho GRSB-GTPS sobre Florestas (JWG). O JWG é um grupo técnico de trabalho da Mesa Redonda Global de Carne Bovina Sustentável (GRSB) e do Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) do Brasil, com foco no engajamento e colaboração para abordar questões relacionadas com as florestas na cadeia produtiva da pecuária de corte.

 

As complexidades da cadeia de fornecimento brasileira

As complexidades da cadeia de fornecimento brasileira

Este diagrama mostra diversos membros da cadeia produtiva, seus papéis ao longo das fases de produção, e as complexidades do monitoramento e rastreabilidade.

Os frigoríficos do G4 implementaram sistemas de monitoramento eficazes para cobrir transações com fornecedores diretos (Fazendas Categoria 1).

Os animais podem também ser transferidos entre fornecedores indiretos (transferências fazenda-fazenda) em todas as fases de produção, incluindo a cria, recria e engorda

Uma vez que a maioria dos fornecedores não são fazendas de ciclo completo, com todas as fases da produção, há desafios significativos associados ao monitoramento e rastreabilidade dos fornecedores indiretos (Fazendas Categoria 2 e Categoria 3).

Visipec fornece uma visibilidade aprimorada da cadeia de fornecimento de gado e um monitoramento mais eficaz do desmatamento, expandindo o monitoramento do desmatamento para fornecedores indiretos.

0.Chapter5-illo-background1.Chapter5-illo-Meatpacker2.2.Chapter5-illo-Satellite22.Chapter5-illo-Satellite13.Chapter5-illo-Direct-suppliers4.Chapter5-illo-Indirect-suppliers5.Chapter5-illo-Indirect-suppliers-invisible

Complexidades da Cadeia Produtiva da Pecuária de Corte

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A cadeia produtiva da pecuária de corte no Brasil é constituída por uma complexa rede de produtores, distribuídos por diversos segmentos com combinações das três principais fases de produção: (1) cria (2) recria e (3) engorda.

Fornecedores Diretos e Indiretos: Um exemplo de uma Cadeia Produtiva de Pecuária de Corte Brasileira (sob monitoramento do G4)

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Fases da Produção

Cria

  • Fase de produção de bezerros, compreendendo a reprodução, desmame e pós-desmame.
  • Fornecedores indiretos (Fazendas Categoria 3) que vendem para fazendas de recria ou outras fases. Transferências entre fazendas de cria também podem ocorrer.
  • Monitoramento e rastreabilidade atualmente limitados dessas propriedades (quando existentes).

Recria

  • Fase intermediária que vai do desmame ao início da fase de engorda ou entrada em reprodução.
  • Fornecedores indiretos (Fazendas Categoria 2) que vendem gado magro para fazendas de engorda. Transferências entre fazendas de recria também podem ocorrer.
  • Monitoramento e rastreabilidade atualmente limitados nessas propriedades (quando existentes).

Engorda (terminação)

  • Fase final da produção correspondendo à terminação dos animais.
  • Fornecedores diretos (Fazendas Categoria 1) que vendem gado gordo para os frigoríficos.
  • Monitoramento e rastreabilidade podem controlar de forma mais eficaz o gado terminado nessas propriedades.

Cadeias Produtivas de Pecuária de Corte

O monitoramento e rastreabilidade pode ser desafiador para sistemas de pecuária de corte. As fazendas podem realizar diversas fases (e combinações de fases) do ciclo de produção, e consequentemente os animais serem movimentados entre diversas fazendas. Transferências e movimentações de animais podem ocorrer em todas as fases do ciclo de produção, incluindo transferências entre fazendas (em operações formais e informais), leilões, comerciantes de gado e outros intermediários. Isso cria desafios para a rastreabilidade e monitoramento, especialmente para fornecedores Categoria 2 e Categoria 3. O apoio a esforços direcionados aos fornecedores indiretos (Fazendas Categoria 2 e Categoria 3) podem ajudar a preencher algumas das lacunas atuais no monitoramento, reduzir riscos de reputação de desmatamento e atividades ilegais, e ajudar a garantir uma cadeia produtiva da pecuária e seus produtos com desmatamento zero comprovado.

Os seguintes exemplos da cadeia produtiva ajudam a ilustrar as várias combinações de sistemas de produção e as complexidades envolvidas com o monitoramento e rastreabilidade.

Fazendas de ciclo completo realizam todas as fases do ciclo de produção (cria, recria e engorda). Comparadas com sistemas que realizam apenas parte do ciclo, as fazendas de ciclo completo (ou sistemas de produção de agregados) oferecem maior cobertura para monitoramento e rastreabilidade. No entanto, mesmo fazendas de ciclo completo compram e vendem animais em diferentes fases do ciclo, e as propriedades com quem elas negociam podem não necessariamente estar cobertas por sistemas de monitoramento e rastreabilidade.

Exemplo 1: Ciclo de produção completo (cria – recria – engorda)

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Sistemas de ciclo parcial realizam combinações das fases da produção (neste exemplo a cria e recria). Nesta estrutura da cadeia de abastecimento, o gado é movimentado entre várias combinações de fases de produção. Além disso, transferências e movimentações de animais podem ocorrer entre essas fases do ciclo de produção, incluindo transferências entre fazendas (em operações formais e informais), leilões, comerciantes de gado e outros intermediários. Estes sistemas de produção desagregados, impõem desafios significativos para o monitoramento e rastreabilidade em toda a cadeia produtiva.

Exemplo 2: Ciclo de produção parcial (cria – recria)

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Exemplo 3: Ciclo de produção parcial (recria – engorda)

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Os sistemas com ciclos parciais cobrem as combinações das fases de produção (neste exemplo, cria e engorda). Nesta estrutura de cadeia de abastecimento, o gado deve se movimentar entre as várias combinações das fases de produção. Além disso, as transferências e a movimentações do gado podem ocorrer entre as fases do ciclo produtivo, incluindo transferências entre fazendas (em transações formais e informais), leilões, através de negociantes e outros intermediários. Esses sistemas de produção desagregados oferecem desafios ao monitoramento e à rastreabilidade em toda a cadeia de abastecimento.

Exemplo 4: Ciclo de produção parcil (fase unica)

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Sistemas de produção de ciclo parcial, em fazendas que realizam apenas uma fase do ciclo, representam os maiores desafios para o monitoramento e rastreabilidade. Nesta estrutura da cadeia produtiva, os animais devem ser movimentados entre cada uma das fases do ciclo de produção. Além disso, transferências e movimentações de animais podem ocorrer entre essas fases do ciclo de produção, incluindo transferências entre fazendas (em operações formais e informais), leilões, comerciantes de gado e outros intermediários. Estes sistemas de produção desagregados, impõem desafios significativos para o monitoramento e rastreabilidade em toda a cadeia produtiva.

Um Guia para Opções Orientadas para Soluções

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Este guia apresenta uma visão geral das iniciativas público-privadas, certificação e instrumentos técnicos para rastreabilidade visando promover a produção com desmatamento zero comprovado. Para garantir a transformação duradoura, sistêmica e em escala, estes deveriam ser integrados com a intensificação moderada e outras práticas produtivas destinadas a melhorar a produtividade tanto da pastagem quanto do rebanho nas áreas já existentes, e, portanto, reduzir as pressões para desmatar novas áreas. Para obter mais informações sobre as práticas de intensificação moderada, consulte a seção de leitura adicional.

Certificação—Rede de Agricultura Sustentável (SAN)

Rede Agricultura Sustentável (SAN) Padrão para Sistemas de Pecuária Sustentável, fornece um esquema de certificação voluntária para fazendas de pecuária de corte que estejam interessadas ​​em melhorar seu desempenho ambiental, social, trabalhista e operacional assim como a comercialização dos seus produtos com o Selo de Certificação da Rainforest Alliance. A norma, que só se aplica a fazendas onde os animais têm acesso ao pasto, inclui os seguintes princípios: sistemas integrados de gestão, manejo sustentável das pastagens, bem-estar animal e redução da pegada de carbono.

Grupos de Trabalho (GRSB e GTPS)

Mesa Redonda Global da Carne Sustentável (GRSB) desenvolveu Princípios e Critérios como um meio de definir carne sustentável e disponibilizar um padrão para impulsionar a melhoria contínua na cadeia global de valor da carne bovina. Usando isso como um padrão orientador, o Grupo de Trabalho da Pecuária Sustentável (GTPS) no Brasil está desenvolvendo normas, indicadores e práticas produtivas específicas para o país que podem ser adotadas pelo setor, o que irá contribuir para o desenvolvimento da pecuária sustentável no Brasil. Os indicadores em desenvolvimento pelo GTPS irão apoiar melhorias contínuas no setor e fornecer métricas para avaliação do progresso.

Rastreamento de Animais

Existem vários métodos diferentes que permitem a identificação individual e rastreabilidade de animais. Estas variam em sofisticação, indo de brincos de identificação até o uso de tecnologia de microchip com RFID (identificação por radiofrequência).SafeTrace. A Cadeia da Carne Rastreada. A identificação com RFID pode fornecer dados georreferenciados e de informação biofísica dos animais. Essa tecnologia pode ser usada para georeferenciar a localização do rebanho e acompanhar seu movimento pela área. Ela também pode ser usada para otimizar a produção, permitindo o controle exato do ganho de peso e outros indicadores biofísicos. Uma vez que um chip esteja implantado no animal, sua localização pode ser determinada e as informações sobre o mesmo podem ser acessadas, tais como registros de nascimento, raça, proprietário, tratamentos e vacinações. O uso de microchips RFID pode melhorar significativamente a rastreabilidade e monitoramento dos animais ao longo de todo o ciclo de produção, desde o nascimento até o abate. Esta tecnologia foi comprovada em escala no Uruguai, onde todos os 12 milhões de cabeças de gado bovino do país recebem brincos eletrônicos ao nascimento. Rebufello, P., et al. 2012. Uruguay Streamlines Livestock Traceability. ESRI News.

Apesar de suas vantagens, tanto para a rastreabilidade quanto produção, essa tecnologia pode ter um custo proibitivo para alguns produtores, especialmente para os pequenos, que não podem se beneficiar da economia de escala. Existem opções de menor custo, como um bolus eletrônico reutilizável, Fallon, R. J. (2001). The development and use of electronic ruminal boluses as a vehicle for bovine identification. Revue Scientifique et Technique-Office International des Epizooties, 20(2), 480-490. que contém um chip que armazena informações sobre cada animal, tais como local de nascimento, e é recuperado no abate. Fallon, R. J. (2001). The development and use of electronic ruminal boluses as a vehicle for bovine identification. Revue Scientifique et Technique-Office International des Epizooties, 20(2), 480-490 Bolus CERTAG 7.2. Electronic Animal Identification.

Essas tecnologias estão sendo cada vez mais empregadas no Brasil, como por exemplo pelo grupo de supermercados Carrefour, que está usando sistemas de rastreabilidade para permitir que os clientes identifiquem as fazendas que fornecem a carne que compram pelo programa “Garantia de Origem” do Carrefour. Carrefour. Produtos Garantia de Origem.

Grandes frigoríficos brasileiros estão considerando o uso de informações de rastreabilidade coletadas nas campanhas de vacinação contra a febre aftosa e a “Guia de Transporte Animal” – GTA para assegurar que os animais não estiveram em fazendas listadas como problema pelo governo, devido a desmatamento ilegal, por exemplo, criando-se dessa forma uma “GTA Verde”. JBS 2014. Plano de Trabalho JBS – Acordo Greenpeace.

A ONG brasileira, Instituto Centro de Vida (ICV) está testando um sistema para monitorar fornecedores diretos e indiretos de bovinos quanto ao desmatamento e outras questões de sustentabilidade. Este sistema será implementado nos próximos meses em um programa de carne desmatamento zero comprovado, chamado Novo Campo, no Norte do Estado de Mato Grosso na Amazônia brasileira. É uma solução pioneira, viável para efetivamente controlar a cadeia de abastecimento da carne bovina na Amazônia. Todas as fazendas participantes são verificadas quanto à conformidade legal e devem fornecer detalhes de todos os seus fornecedores e, em seguida, as mesmas verificações são feitas nessas fazendas fornecedoras (fornecedores indiretos.) As fazendas participantes somente podem vender através do programa Novo Campo se todos os seus fornecedores também aderirem a estes critérios ambientais.

Sistema de Desempenho Territorial (Abordagem Jurisdicional)

A pecuária de corte é um dos principais motivadores do desmatamento na Amazônia brasileira, no entanto, outras causas, tais como a produção de grãos, extração mineral e projetos de infraestrutura também contribuem para a perda de florestas. Ao mesmo tempo que soluções para a cadeia produtiva estão ajudando a reduzir impactos de commodities específicas, há uma preocupação crescente com a necessidade de uma abordagem mais holística entre-commodities para garantir a proteção das florestas. Embora ainda teórico, uma abordagem territorial (por exemplo, zonas de desmatamento zero, ZDZ e outros sistemas de desempenho territorial), quando integrada com iniciativas existentes para cadeias produtivas, mecanismos de REDD +, e política de governança florestal pode oferecer uma abordagem unificada que impulsiona a produção sustentável em toda uma área ou território (nacional, estadual e/ou municipal).

Capacidade Produtiva das Pastagens Existentes

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De acordo com Strassburg et al. 2014, a produtividade atual dos 115 milhões de hectares de pastagens cultivadas no Brasil é apenas 32–34% do seu potencial; aumentar a produtividade para 49–52% do potencial poderia ser suficiente para satisfazer a demanda por carne (assim como por lavouras, produtos madeireiros e biocombustíveis) até 2040, pelo menos, sem conversão adicional de ecossistemas naturais. Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87. Como resultado, até 14.3 Gt CO2 Eq. poderiam ser mitigados. Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.

Produtividade Atual e Capacidade de Suporte Sustentável de Pastagens Cultivadas no Brazil Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.

Produtividade atual
FR-CH5-3.1
Produtividade potencial
FR-CH5-3.2
Produtividade de gado (UA/ha)
0,00–0,50
0,51–1,00
1,01–1,50
1,51–2,00
2,01–2,50
2,51–3,00
3,01–4,00
4,00+

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Isto significa que a produtividade atual é estimada em 94 milhões de unidades animais, mas a capacidade de suporte potencial total poderia ser de 274 a 293 milhões de unidades animais, indicando um grande potencial para aumentar a produtividade. Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87. Como descrito por Strassburg, et al. 2014, a baixa produtividade atual das pastagens brasileiras é resultado de:

  1. baixos níveis de tecnologia caracterizados por manejo inadequado de pastagens (sobrecarga animal e falta de adubação de manutenção), levando a uma degradação generalizada e manejo animal deficiente (saúde, nutrição e reprodução), resultando em baixo desempenho animal;Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.
  2. especulação imobiliária, onde a pecuária é um meio para garantir a posse da terra com o objetivo de vendê-la quando a ​​fronteira agrícola avançar (no Brasil, estabelecimentos rurais que não são explorados ​​ativamente podem ser desapropriadas para a reforma agrária e a pecuária extensiva está entre as formas mais simples de demonstrar uso); Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.
  3. posse da terra não assegurada, o que desestimula investimentos em aumento de produtividade e incentiva a exploração que leva à degradação; Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.
  4. falta de crédito de longo prazo para os custos iniciais de aumento da produtividade e não-conformidade das propriedades com as leis ambientais, impedindo seu acesso ao crédito; Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.
  5. falta de serviços de extensão e capacitação adequadas com foco na produtividade pecuária. Strassburg, B. B. N., et al. 2014. When enough should be enough: Improving the use of current agricultural lands could meet production demands and spare natural habitats in Brazil. Global Environmental Change, Vol. 28, 84-87.

A degradação das pastagens é uma das principais causas da baixa produtividade da pecuária de corte e é uma das causas do desmatamento e conversão de ecossistemas nativos. Aproximadamente 50% das áreas de pastagens cultivadas no Cerrado Costa, F.P. and Rehman, T., 1999. Exploring the link between farmers’ objectives and the phenomenon of pasture degradation in the beef production systems of Central Brazil. Agricultural Systems, Vol. 61, Issue 2, 135–146. e mais de 60% no bioma amazônia são consideradas degradadas. Dias-Filho, M.B., Andrade, C.M.S., 2006. Pastagens no Trópico Úmido. Documentos 241. Embrapa Amazonia Oriental. Em 2010, quase 40% da área desmatada na Amazônia era de pastagens degradadas ou áreas abandonadas. Embrapa and INPE, 2013. INPE e EMBRAPA. TerraClass Levantamento de informacoes de uso e cobertura da terra na Amazonia – 2010.

Práticas de intensificação moderada e de gestão sustentável da fazenda podem fornecer soluções potenciais para ajudar a melhorar a produtividade das pastagens e do rebanho. Os esforços destinados a enfrentar as cinco questões que levam à baixa produtividade (ver acima) podem ajudar a reduzir o potencial de degradação de pastagens e, portanto, reduzir as pressões para se desmatar mais.

Intensificação Moderada

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A intensificação moderada é conseguida pela aplicação de boas práticas de gestão para melhorar o desempenho social, ambiental e econômico da pecuária no âmbito de um sistema de produção existente. Tais práticas podem incluir planejamento de cercas, pastagens consorciadas e melhores tecnologias produtivas e reprodutivas.

Práticas e tecnologias eficazes e de baixo custo para melhorar o manejo das pastagens e do rebanho já existem. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) desenvolveu o programa de boas Práticas Agropecuárias (conhecido como o BPA) para o setor de pecuária de corte. O BPA fornece aos produtores um conjunto de princípios orientadores, tecnologias, métodos e técnicas para reduzir riscos e permitir uma pecuária economicamente viável ​e ambientalmente sustentável no Brasil. Rodrigues do Valle, E. 2011. Boas Práticas Agropecuárias, Bovinos de Corte,Manual de Orientações, 2a edição revista e ampliada, EMBRAPA, BPA. Em particular, técnicas de pastejo rotacionado recomendadas para melhoria de pastagens estão sendo adotadas em diversos países, como parte de novas abordagens para a gestão sustentável da pecuária.

A intensificação moderada representa uma importante ferramenta para ajudar a melhorar o manejo das pastagens e do rebanho, melhorando a produtividade e, potencialmente, a rentabilidade da atividade pecuária. Iniciativas da cadeia produtiva (tais como o Acordo de Gado do G4) que enfocam conexões de mercado entre produtores, frigoríficos e varejistas podem ajudar a apoiar e fortalecer iniciativas paralelas que visam melhorar a produtividade.

O Acordo de Gado G4 representa atualmente um dos mecanismos mais fortes em vigor para reduzir o desmatamento nas cadeias produtivas de pecuária na Amazônia brasileira. Para que a intensificação moderada possa efetivamente reduzir o desmatamento, e ao mesmo tempo evitar potenciais efeitos negativos, ela deveria estar estrategicamente integrada com o Acordo de Gado G4 (ou acordos similares).

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Chegou a Hora da Pecuária Desmatamento Zero

Programas no campo, projetos de pesquisa e outras iniciativas estão ajudando avanço das sistemas de produção de desmatamento zero e melhorando a sustentabilidade social, econômica e ecológica da pecuária no Brasil.

 

 

Recomendações

Alcançar soluções sistêmicas para a cadeia produtiva e garantir a produção com desmatamento zero comprovado exigirá compromissos e apoio coordenado de varejistas, frigoríficos, bancos e investidores, governos e consumidores.

Transformação do setor pecuário brasileiro

  • Oferecer incentivos financeiros e opções de crédito que apoiem a recuperação de pastagens degradadas e a adoção de práticas de intensificação moderada e outras estratégias de intensificação do uso da terra, como a integração lavoura-pecuária-floresta.
  • Promover processos mais simplificados para solicitação e alocação de crédito e outros tipos de financiamento para práticas sustentáveis ​​de pecuária.
  • Apoiar incentivos que encorajem a transparência, rastreabilidade e verificação das cadeias de abastecimento.
  • Comprar preferencialmente de varejistas que têm compromissos e mostram progresso contínuo quanto à produção com desmatamento zero. Visite Supply-Change para obter notícias, informações e análises sobre os compromissos das empresas.
  • Faça algumas perguntas simples a seus varejistas e marcas favoritas, tais como:
    • “De onde você compra carne ou couro?”
    • “Você tem uma política de desmatamento zero que abrange produtos da pecuária?”
  • Aumentar a transparência dos dados referentes ao transporte de bovinos (Guia de Transporte Animal – GTA) e o registro no CAR. Permitir acesso a mais informações sobre a movimentação de bovinos vai facilitar os esforços de ampliação do monitoramento e rastreabilidade dos fornecedores indiretos da cadeia produtiva.
  • Criar políticas e incentivos voltados para a adoção de sistemas de rastreabilidade e monitoramento no país, aparando as arestas no setor pecuário brasileiro.
  • Acelerar o registro no CAR e apoiar um processo de verificação do CAR para melhorar a precisão e confiabilidade das informações.
  • Apoiar os esforços para melhorar a assistência técnica, capacitação e treinamento de produtores.
  • Incentivar a adoção de práticas de intensificação moderada que aumentem a produtividade em pastagens existentes, ao mesmo tempo em que reduza incentivos e desencoraje a expansão agrícola em regiões de florestas.
  • Promover processos mais simplificados para solicitação e alocação de crédito e outros tipos de financiamento para práticas sustentáveis ​​de pecuária.

Frigoríficos G4 (JBS, Marfrig e Minerva)

  • Começar a enfocar os fornecedores indiretos. Tomar medidas para controlar fornecedores indiretos vai ajudar a preencher algumas das lacunas atuais no monitoramento e redução de riscos, ajudando a garantir cadeias produtivas com desmatamento zero atestadas.
  • Aumentar a transparência das informações sobre transações comerciais. Liberar mais informações sobre as fazendas que fornecem animais para os frigoríficos ajudará a identificar possíveis falhas no monitoramento, reduzir ainda mais a exposição ao risco e fornecer um apoio valioso para os esforços de expansão do monitoramento de fornecedores indiretos.

Outros frigoríficos (não-G4) na Amazônia Brasileira e em outros lugares dos trópicos

  • Comprometer-se com o desmatamento zero, utilizar sistemas de monitoramento para banir as compras de fazendas com desmatamento, rastrear os animais entre fazendas fornecedoras e aumentar a transparência das informações sobre transações comerciais.
  • Incentivar o suporte ao desmatamento zero comprovado da carne, couro, sebo e outros produtos da pecuária.
  • Preferencialmente comprar de frigoríficos que: (1) tenham assumido compromissos com a produção com desmatamento zero, (2) utilizam sistemas de monitoramento e rastreamento para garantir a produção com desmatamento zero comprovado, (3) aumentam a transparência de suas informações sobre transações comerciais com fazendas fornecedoras, e (4) divulgam publicamente o seu desempenho através de auditorias independentes terceirizadas.
  • Participar do GRSB-GTPS sobre Florestas (JWG) para construir soluções colaborativas com outros membros da cadeia produtiva e ampliar a produção com desmatamento zero comprovado de carne bovina, couro, sebo e outros produtos da pecuária.
  • Evitar o desmatamento de remanescentes florestais.
  • Adotar práticas de intensificação moderada (como pastejo rotacionado, planejamento de cercas, e pastagens consorciadas) para melhorar a produtividade em pastagens existentes.
  • Esforçar-se para atingir a conformidade legal, incluindo o registo no CAR e mínimos de Reserva Legal (RL).
  • Utilizar mecanismos de mercado (tais como CRA e REDD +) para compensar e/ou recuperar áreas desmatadas.

Programa Novo Campo – Praticando Pecuária Sustentável na Amazônia

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O Programa Novo Campo é executado por um consórcio de parceiros, incluindo o Instituto Centro de Vida (ICV)Embrapa, o Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS)SolidaridadImafloraJBS, e sindicatos rurais do estado do Mato Grosso nos municipios de Alta Floresta e Cotriguaçu. O funcionamento é baseado em seis componentes principais: (1) mobilização dos pecuaristas, (2) formação de profissionais de assistência técnica, (3) premiação do produto pelos compradores, (4) financiamento dos investimentos, (5) monitoramento e rastreabilidade da cadeia, e (6) integração com políticas de desenvolvimento territorial sustentável. Desde 2012, o ICV tem trabalhado para demonstrar a viabilidade desta abordagem. Com benefícios palpáveis para os participantes, o Programa Novo Campo continua a crescer, e pretende alcançar 200-300 produtores nos próximos anos.

Links para recursos adicionais:

Subsídios para um Subprograma de Intensificação da Pecuária no Acre: Uma Análise Estadual

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Caderno Técnico

Este Caderno Técnico tem por objetivo fornecer subsídios para o Sistema de Incentivos aos Serviços Ambientais do Acre (SISA) no que diz respeito ao subprograma de intensificação da pecuária. Além disso, propõe uma apresentação de diversos cenários de intensificação de pecuária, utilizando projeções de aumento de rebanho, cenários de área a ser intensificada e dados econômicos para demonstrar a rentabilidade da intensificação. Esta análise usa projeções de aumento de rebanho feitas pelo Governo Federal e outra mais ambiciosa, além de quatro cenários de intensificação que permitiriam a expansão do rebanho sem incorrer em novos desmatamentos. Este documento utiliza os dados de expansão do rebanho com os respectivos custos, cenários de preço de carne e renda da pecuária, para fazer uma análise econômica mostrando a rentabilidade da atividade pecuária entre 2010 e 2021. Enquanto a intensificação pode ser lucrativa, ela deve estar vinculada a políticas públicas e disponibilidade de crédito, para que o aumento da renda não se torne em uma ameaça que possa provocar novos desmatamentos.

Pecuária Intensiva: Novo Paradigma de Produção da Amazônia

Este vídeo ilustra o trabalho realizado em parceria com o Acre. O vídeo mostra dois casos de sucesso, bem como os gargalos para a intensificação. Ele mostra, também, que a intensificação é benéfica tanto do ponto de vista econômico quanto ambiental.

Links para recursos adicionais:

Instituto Internacional para Sustentabilidade (IIS)

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Análise Econômica de uma Pecuária mais Sustentável

A expansão da pecuária na Amazônia tem sofrido pressões para adequação socioambiental e melhoria no desempenho socioeconômico. A baixa implantação de melhores práticas no campo e a escassez de sólidas analyses do desempenho produtivo e financeiro são razões que dificultam o investimento por parte dos produtores rurais no aumento da produtividade e manejo sustentável. Além disso, há falta de direcionamento do crédito rural para as práticas de intensificação. Neste trabalho foi avaliado o impacto da intensificação do ponto de vista financeiro, mensurado seus riscos e o papel do crédito para a lavancagem das boas práticas, entre outras implicações advindas da intensificação da pecuária.

A pecuária tradicional tem se mostrado ineficiente ambiental e economicamente. Atualmente a atividade ocupa 75% da área desmatada na Amazônia e contribui com cerca de 40% das emissões de CO2 do Brasil, mas gerou menos de 3% do PIB nacional na última década. Alguns produtores rurais já vêm investindo na melhoria da produtividade. Entretanto, o investimento isolado é insuficiente para uma transformação da pecuária na escala regional.

Os resultados do modelo aqui desenvolvido demonstram que a intensificação aumenta o valor presente líquido em até R$ 1.940 por hectare, e reduzem substancialmente o risco de prejuízo de 99% para 15%. Estes resultados confirmam a viabilidade econômica da atividade produtiva e o aumento de competitividade com outros usos do solo. Entre os impactos positivos sobre os recursos naturais está a possibilidade de aumentar de produção e renda sem a necessidade de novos desmatamentos.

Link para o relatório completo

Contribuições para o Desenvolvimento da Pecuária Sustentável em Larga Escala na Microrregião de Alta Floresta, MT

A pecuária brasileira usa, em média, somente 30% do potencial sustentável de produção das pastagens. Isso significa que é possível manter, ou mesmo aumentar, o volume da produção sem abrir novas áreas de pastagem. Este processo, contudo, precisa ser analisado em modelos que considerem fatores bioeconômicos. A microrregião de Alta Floresta, no Mato Grosso, configura um context extremamente favorável para o aumento da produtividade da pecuária e da soja, sem ser necessário desmatar nenhum hectare de floresta. Nesse sentido, esse relatório apresenta as analyses fundamentais para o desenvolvimento sustentável da microrregião de Alta Floresta, através de uma abordagem de uso integrado do solo.

A projeção do cenário de produção atual (business as usual) resultou em uma estimativa de 200 mil hectares de área de soja plantada na microrregião em 2030, e de um crescimento de aproximadamente 23% do rebanho da região. Tal expansão agropecuária acarretaria no desmatamento de 446 mil novos hectares na região. Já o cenário de desmatamento zero demanda a intensificação de 300 mil hectares. Esse esforço requer um investimento total de aproximadamente 740 milhões de reais nos próximos 15 anos. Dividido de maneira ótima ao longo dos próximos quinze anos, o custo anual da implantação da intensificação chegaria a valores 40% maiores do que a atual capacidade de obtenção de crédito da pecuária da região. No entanto, nos últimos dez anos o crédito para a pecuária de Alta Floresta tem crescido em um ritmo que, se mantido, seria suficiente apenas para cobrir tais despesas ao longo do período.

O custo de transição para uma agropecuária mais sustentável poderia ser coberto por programas de REDD+. A estruturação de um Programa Estadual de REDD+, através da implementação da Lei Estadual nº 9878/2013, pode contribuir na criação de mecanismos financeiros para esta transição. O valor estimado para cobrir os custos da intensificação é de US$ 1,50/ t CO2e. As ações e programas do Fundo Amazônia (que oferece o valor fixo de US$ 5,00/t CO2e) poderiam também financiar politicas complementares, como assistência técnica e controle do desmatamento. Uma transição para o cenário mais sustentável mitigaria a emissão de 203 milhões de toneladas de CO2.

Link para o relatório completo

Links para recursos adicionais:

Imazon

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Como desenvolver a economia rural sem desmatar a Amazônia?

É possível combater o desmatamento da Amazônia e promover o crescimento da economia rural da região. Essa tendência já vem ocorrendo desde 2007 e pode ser consolidada nos próximos anos. O fator crítico para aumentar a produção sem desmatar é aumentar a produtividade, especialmente da pecuária, que é o principal uso das áreas desmatadas. Para que a produção agropecuária cresça apenas nas áreas já desmatadas o poder público deverá corrigir falhas de políticas que desencorajam o investimento nessas áreas e outras que estimulam o desmatamento.

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O aumento da produtividade e lucratividade da pecuária bovina na Amazônia: o caso do Projeto Pecuária Verde em Paragominas

A pecuária bovina brasileira vem sendo pressionada a adotar padrões mais modernos de desempenho socioambiental, sanitário e econômico. Estas pressões têm resultado em iniciativas para melhorar o desempenho da pecuária típica cuja produtividade é baixa. Uma dessas iniciativas foi o Projeto Pecuária Verde liderado pelo Sindicato de Produtores Rurais de Paragominas, no leste do Pará. As fazendas do projeto conseguiram aumentar a produtividade em cerca de quatro vezes em comparação com as fazendas típicas (de cinco para 20 arrobas de carcaça peso vivo por hectare por ano). O trabalho resume as medidas para facilitar os investimentos em práticas mais sustentáveis e para fortalecer o combate ao desmatamento ilegal.

Link para o relatório completo

Links para recursos adicionais:

Sobre

Este site foi desenvolvido como um projeto colaborativo entre a National Wildlife Federation (NWF) e a Gibbs Land Use and Environment Lab (GLUE). O site visa mostrar como iniciativas da cadeia produtiva estão apoiando soluções eficazes para produção de carne, couro e sebo com desmatamento zero certificado na Amazônia brasileira. O site também destaca maneiras pelas quais os membros da cadeia produtiva podem apoiar a melhoria contínua e garantir que os produtos provenientes da pecuária nessa região não contribuam para a perda de florestas tropicais. Este site foi criado como um recurso para profissionais de compras e de sustentabilidade e continuará a evoluir à medida que novas pesquisas, dados e análises se tornem disponíveis.

Para perguntas ou comentários, por favor, entre em contato com: ZeroDeforestation@nwf.org

NWF é a maior e mais antiga organização para educação e conservação da vida selvagem nos Estados Unidos, com quase 6 milhões de membros e apoiadores e 49 afiliadas estaduais e territoriais. A divisão internacional da NWF (International Wildlife Conservation) desenvolve estratégias para reduzir impactos ambientais associados com a agricultura de larga escala, para ajudar a garantir que a produção de commodities possa atender as necessidades do mundo sem destruir florestas ou comprometer o habitat de animais selvagens.

Gibbs Land Use and Environment Lab (GLUE) da Universidade de Wisconsin-Madison, é um grupo de pesquisa acadêmica, dedicado ao estudo das interações homem-ambiente. Os pesquisadores usam mapas, sensoriamento remoto, modelagem e análises de cadeias produtivas de commodities combinados com entrevistas com as partes interessadas ​​para compreender o uso da terra ao redor do mundo. Eles são especialmente empenhados em compreender o potencial de soluções emergentes de mercado para reduzir o desmatamento tropical, e trabalhar em estreita colaboração com os responsáveis ​​políticos, líderes empresariais e organizações não-governamentais.

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